quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Lucas, o Louco



Maria I, rainha de Portugal, ficou conhecida como "a Louca" após transtornos psiquiátricos graves resultantes de decisões suas e mortes na família. Teve, inclusive, que passar o trono para seu filho João VI. 

Mas, diz a lenda que quando Napoleão resolveu invadir a terrinha e toda família real se encagaçou, ela era a única sensata que bradava "Não corram, vão pensar que estamos a fugir" quando todos se mandavam para o Brasil de madrugada para que o povo lusitano não soubessem da escapa na surdina.

Pois, diz outra lenda que, ontem na terra do carvão catarinense, Lucas virou para Dal Pozzo na hora do café da tarde no hotel e bradou "Pode escalar quem tu quiseres, pois hoje eu resolvo." E Dal Pozzo resolveu escalar Domingues na zaga mais uma vez, só para dificultar a tarefa.

Mas, Lucas não se deixou abater. Logo a 1 minuto de jogo, pegou a bola na intermediária,. arrancou verticalmente e deu lindo lançamento para João Paulo. O centroavante não conseguiu concluir, assim como Leilson desperdiçou o rebote sem goleiro.

Aos 10, novamente mostrou do que tinha falado no café. Depois de boa jogada de Wesley Natã pela esquerda, chegou estourando e fez com que a bola estufasse a rede adversária bem no cantinho. Um a zero e tempo para recarregar as energias: resto do primeiro tempo recuado, sem pressão, apenas tentando puxar contra-ataques. Mas, para lembrar porque é conhecido como "o Louco", aos 45 resolveu dar uma botinada sem bola em um adversário e garantir seu cartão amarelo da noite.

No vestiário, durante o intervalo, tomou dois copos de café preto "para dar uma energizada". E, logo a 1 minuto da segunda etapa, nova arrancada pelo meio... ajeita para cá, dá um corte no mané que se coloca a sua frente, enquadra o corpo para canhota, chute no cantinho... a trave não deixou novo golaço de fora da área.

Era tempo de recuar novamente, pois o time catarinense colocava meias e atacantes povoando sua região de marcação. Sem poder distribuir mais botinadas em razão da tola lei da FIFA que não permite que um jogador permaneça em campo depois de tomar 2 amarelos, ficou um tempo meio perdido, sem saber bem como agir. E, neste momento, a praga de Dal Pozzo surtiu efeito... gol contra do nosso incapacitado zagueiro central.

Dal Pozzo resolveu, então, ajudar um pouco. Quando Mateus Santana entrou para ajudar na marcação, alguns jogadores dizem ter escutado Lucas gritando "Ô grandão, ajuda um pouco aqui atrás que eu resolvo lá na frente.". E, pouco mais de 10 minutos depois deste grito, a profecia se cumpriu. Lucas apareceu na meia esquerda, onde supostamente deveria estar o grandão, e de pé trocado colocou novamente no cantinho do goleiro adversário para definir o placar.

Dizem também alguns jogadores que depois disso ele até gritou "Grandão, pode ir te divertir lá na frente um pouco agora". E Mateus foi, obedecendo o rei da noite. E foi tanto que acabou errando dois gols, um até sem goleiro de dentro da pequena área. Mas, nem vamos estragar esta história com estas cagadas homéricas. Vencemos, voltamos ao G4, vamos as notas...

MATHEUS - não teve culpa do gol e fez defesas seguras, mas achei novamente lento para sair de baixo das traves em lances importantes. Nota: 6

VIDAL - ligeiramente mais seguro atrás, mas só lembro de uma subida no apoio que não resultou em bom cruzamento. 3 desarmes, 5 erros de passe em 20 tentados. Nota: 5

DOMINGUES - um gol contra e muita dificuldade para marcar um centroavante
que já foi dispensado pelo time grená da cidade. Nota: 1

MICAEL - com certeza mais confiante depois do Juvenal e errando menos. Nota: 6

PARA - bem mais participativo que Vidal. Nota: 7

FAHEL - primeiro tempo estranho, com perdas de posse que poderiam ter comprometido. Melhorou no segundo tempo, mais recuado e salvando o Domingues ajudando muito na bola aérea defensiva. Nota: 6

LUCAS - sua atuação já foi narrada. Não leva 10 pela dificuldade de marcação em parte do segundo tempo e pelo óbvio amarelo bobo. Nota: 9

LEILSON - muito preso no lado do campo e não tem tentado nada "diferente". Nota: 4

YAGO - sumido quase todo primeiro tempo, desperdiçou 2 contra-ataques que fomeou em vez de lançar João Paulo livre. No segundo tempo novas chances desperdiçadas, uma não lançamento Caprini e duas bizarras: sofreu penalti, não caiu e ainda perdeu gol na cara. Participou bastante no segundo tempo e uma dessas jogadas bizarras acabou resultando no segundo gol do Lucas, mas aquele "faro de gol" parece que não existe. Nota: 4

WESLEY - ótimo primeiro tempo, como meia-atacante. Novamente se oferecendo para jogar o tempo todo, fez ótima jogada que resultou no primeiro gol. Foi se movimentando menos no segundo tempo, sendo melhor marcado e sumindo. Quando adiantado para centroavante, sumiu completamente. Leva nota razoável pelo primeiro tempo. Nota: 7

JOAO PAULO - contei pelo menos 3 vezes que ele fugiu da marcação, fez a diagonal para receber na frente e não foi lançado. Desse jeito fica difícil, mas não é culpa sua. Nota: 5

MATEUS SANTANA - ajudou a melhorar a marcação, principalmente por cima, mas errou gols feitos no final do jogo. Também precisa se oferecer mais na saída de trás. Nota: 4

CAPRINI - entrou, tentou ficar com a bola, correu pelas pontas e fez cruzamentos sem olhar como sempre. Na única vez que olhou para área, encontrou Mateus livre para marcar e ele desperdiçou. Nota: 5

MAURICIO - sem nota.


DAL POZZO - parece ter encontrado um jeito de fazer o Wesley Natã jogar, um pouco como meia e um pouco como atacante, variando de 4-4-2 para 4-2-3-1 e fazendo com que finalmente o time consiga ter a bola dominada por mais que 15 segundos. Mas, voltou para o 4-1-4-1 "de confiança" no segundo tempo quando a pressão aumentou. E, apesar de em qualquer esquema sempre posicionar meias abertos, não consegue fazer pressão de forma a evitar que bolas sejam alçadas na nossa área com frequência. A cada jogo menos balões: ponto positivo. A cada jogo menos pressão na marcação: ponto negativo. Nota: 6


Obs.: todas as fontes consultadas para escrever a primeira parte deste texto são EXTREMAMENTE NÃO CONFIÁVEIS.

domingo, 10 de setembro de 2017

Robocop alviverde e suas armas secretas

Micael comemora gol homenageando seus próprios balões.


São três Juvenais no ano com 2 vitórias alviverdes e 1 empate. Em Juvenal, Murphy vira Robocop. Desde a estreia do Dal Pozzo em um clássico destes, foram três jogos com três esquemas táticos diferentes e sempre a sensação de alívio para a torcida. Aquele alivio de "o pior já passou e estamos tomando fôlego para subir de novo". 

No Gauchão, as coisas estavam ruins. Robocop estreou, venceu os colorados e marcou pontos fundamentais para a classificação. Na 4ª rodada da série B, os resultados vinham mas o futebol não empolgava. Dominamos os vermelhos em seu território. Chegamos à 23ª rodada com futebol definhando a cada jogo e, novamente, saímos por cima. Sem domínio, sem brilhantismo, apenas na eficiência que se espera de um time disposto a combater o crime lutar.

E não adianta reclamar... teremos que aguentar o Robocop até o final da série B. Ele manda a campo times que parecem que não treinaram juntos. Ninguém se aproxima para tabelar, os meias não saem das pontas, os laterais quase não ultrapassam, a defesa as vezes parece que não sabe como marcar. Mas aí, do nada, o treinador tira um coelho da cartola, uma arma secreta: um WESLEY NATÃ transvertido, um meia-atacante que se movimenta por todos lugares e faz o time funcionar.

E por estas substituições que alteram o time completamente é que o Dal Pozzo vai ficando. Desde a primeira rodada, quando uma das substituiçiões foi tirando o próprio Wesley do time para ganhar o jogo contra o Luverdense, ele nos dá esperanças. Todo mundo sabe que nem sempre ele é capaz de corrigir seus erros, ainda mais com o elenco limitado que temos.... mas vai alcançar a tal meta de 45 pontos com sobras e, talvez, incomodar os de cima da tabela um pouco mais.

MATHEUS - importantes defesas. Teve azar no gol sofrido, pois apesar de ter fechado bem o ângulo, sofreu com a sorte do adversário. Puxou alguns ótimos contra-ataques com lançamentos longos, exagerou em outros. Demorou para criar culhões para sair debaixo das traves nos insistentes chuveirinhos colorados, mas foi seguro quando criou. Nota: 7

VIDAL - dificuldades defensivas. Com medo de sair da linha de 4 defensiva, passa muito tempo pedindo para Juninho e Lucas se aproximarem e marcarem na intermediária. Mas, quando a bola é lançada no seu setor defensivo, ele está desatento para cobrir espaços, como no gol sofrido. Sempre digo e, vou repetir, pelo menos não erra na saída de bola como o antigo titular Tinga. E, ainda por cima, tem enorme velocidade para aparecer na frente quase que de surpresa e depois voltar marcando. Deveria explorar mais isso. Nota: 5

DOMINGUES - é o ponto mais fraco da defesa. Desde o início do campeonato eu reclamo que ele marca mal e erra demais na saída de bola. Ganha um "ar de segurança" quando tem um lateral defensivo ao seu lado (como nos tempos que Vinicius ali esteve, ou mesmo Tinga quando fica mais preso). Mas, com a volta do Vidal, todas suas dificuldades de posicionamento e coberturas ficam escancaradas. Nota: 5

MICAEL - há 10 dias, parecia que sumiria no time. Mas aí Ruan foi vendido, Mauricio não foi bem nos treinos e ele mostrou que pode ser uma boa arma. Deu seus balõezinhos como sempre, temos que mencionar. Mas, todo senso de cobertura que Domingues não teve pela direita, Micael deu aula pela esquerda. Ficou muito mais na sobra do que no combate, mas marcou em cima também quando preciso. Primeiro gol marcado com a camisa alviverde para coroar esta boa atuação. Nota: 8

PARA - se considerarmos que ele não jogava há meses, foi ótima atuação. Se analisarmos com detalhes, houveram erros de lançamentos, pouco apoio e algumas falhas na marcação dos ponteiros que por seu lado atuaram. Mas, cobrou faltas, escanteios e fechou seu lado defensivo quando a pressão aumentou. Nota: 6

FAHEL - se compararmos ao Fahel de outras fases desta competição, que errava no máximo 1 passe por jogo, foi uma partida mediana. Mas, errar 3 passes de 34 tentados, ainda é muito bom. Ainda mais que está posicionado um pouco mais a frente do que em outros esquemas. Maior parte do tempo era responsável por marcar o Edenilson individualmente e fez isto muito bem. Nota: 7

LUCAS - normalmente se espera que, mesmo alinhado com Fahel, parta dele a iniciativa de se oferecer mais na saída, mas isso não ocorre. Em números por exemplo: só executou 22 (errou 2), 12 a menos que seu parceiro. Ainda perdeu a bola 7 vezes. Da mesma forma que Fahel estava no Edenilson, era para ele marcar Gutierrez em cima, mas sofreu com isso. Ainda é nosso melhor segundo volante, mas não tão melhor quanto já foi. Nota: 4

JUNINHO - tanto na direita quanto esquerda, teve apenas espasmos de participação. No geral, fica fixo na ponta, não abrindo espaço para ultrapassagem dos laterais nem ajudando em tabelas pelo meio. Erra passes, perde a bola e chegou atrasado na recomposição ofensiva muitas vezes. Fiquei até surpreso de ele não ter sido o escolhido para entrada do Yago. Nota: 3

LEILSON - na minha opinião, atuava melhor que o Juninho em todos os aspectos. Sem nenhum brilhantismo, mas era mais consciente de suas funções. Nota: 5

RAMON - claramente é melhor como segundo atacante centralizado do que era como ponteiro, pois faz bem o "facão" no espaço entre zagueiros e laterais. Ainda precisa se oferecer um pouco mais para o jogo, principalmente no espaço entre meio-campo e defesa adversários, mas vinha tendo boa atuação até se machucar. Nota: 6

JOÃO PAULO - brigou o quanto pode. Deu algumas "casquinhas" em balões, cavou faltas, prendeu os zagueiros. Claramente cansou no segundo tempo, mas na minha opinião ainda é a melhor opção para substituir o TM9. Mantenha-se Caions, Mamutes e cia no banco. Nota: 6

WESLEY NATÃ - como já dito, foi a arma secreta da vez. Talvez o Dal Pozzo pensasse em utilizá-lo na vaga do João Paulo (já cansado), mas, com a lesão do Ramon, entrou mais solto e chamou o jogo para si. Fazendo vezes de atacante e vezes de meia, pressionou a saída de bola deles, puxou contra-ataques e se ofereceu para jogar nos dois lados do campo. Não sei o que ocasionou esta total mudança em seu futebol ontem, mas que a fase continue. Nota: 9

YAGO - primeiro gol como profissional em um jogo desta importância. Nem precisaria dizer mais nada, mas estou gostando desta capacidade que ele tem de fazer a diagonal direita-centro com o pé-trocado. É jovem e não me parece pronto para ser titular, mas pode se tornar boa opção para segundo tempo. Nota: 8

MATEUS SANTANA - entrou para fechar a casinha. Nota: 5


DAL POZZO - repito um pouco do que já falei sobre o Robocop lá no início. Continuo não gostando da rigidez de seus times escalados, com pouca aproximação, zero movimentação e muita bola longa. Mas, novamente, alterou a postura com substituições. Venceu o "primo rico da capital" novamente e alcançou pontuação de G4: deste jeito, não tem como ficar abaixo da média. Nota: 7